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Estudo em camundongos e pessoas oferecem nova abordagem para investigar doenças mentais

Chicago, 2 abr (Xinhua) – Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Washington em St. Louis desenvolveram uma abordagem rigorosa para estudar como as alucinações são produzidas no cérebro, em um estudo que mostra que há ligações importantes entre a mente humana e a de camundongo no modo como funcionam e mal funcionamento.

Para estudar como as alucinações ocorrem, os pesquisadores criaram um jogo de computador que poderia ser completado por pessoas e camundongos. Os pesquisadores tocaram um determinado som e os sujeitos indicaram que o ouviram clicando em um botão (pessoas) ou enfiando o nariz em uma porta (camundongos).

A tarefa ficou desafiadora obscurecendo o som com ruído de fundo. As pessoas no estudo avaliaram o quão confiantes se sentiram por terem identificado com precisão um som real movendo um controle deslizante em uma escala; os camundongos indicaram sua confiança por quanto tempo esperaram por uma recompensa. Quando um sujeito relatou com segurança que tinha ouvido um som que não foi realmente tocado, os pesquisadores classificaram isso como um evento semelhante a uma alucinação.

Embora simples no design, a tarefa parecia explorar os circuitos cerebrais subjacentes às alucinações. Pessoas com mais eventos parecidos com alucinações durante o experimento também eram mais propensos a terem alucinações espontâneas, conforme medido por questionários elaborados para avaliar sintomas psiquiátricos na população em geral, embora nenhum participante tenha sido diagnosticado com uma condição psiquiátrica.

Para testar se os camundongos também podem ser preparados da mesma maneira, os pesquisadores manipularam as expectativas deles ajustando a frequência com que o som era reproduzido. Quando o som era tocado com frequência, os camundongos eram ainda mais propensos a relatarem o que ouviram com confiança, mas erroneamente, assim como as pessoas.

Para conectar melhor a experiência do camundongo com a humana, os pesquisadores usaram uma droga, a cetamina, que induz alucinações. Os camundongos que receberam cetamina antes de realizar a tarefa também relataram mais eventos semelhantes a alucinações.

Tendo estabelecido essas semelhanças cruciais entre camundongos e pessoas, os pesquisadores investigaram as raízes biológicas das alucinações.

Ao estudar camundongos, os pesquisadores observaram que as elevações nos níveis de dopamina precederam os eventos semelhantes a alucinações e que o aumento artificial dos níveis de dopamina induziu mais eventos semelhantes a alucinações. Esses efeitos comportamentais podem ser bloqueados pela administração do medicamento antipsicótico haloperidol, que bloqueia a dopamina.

“Parece haver um circuito neural no cérebro que equilibra as convicções e evidências anteriores, e quanto mais alto o nível básico de dopamina, mais você confia em suas convicções anteriores”, disse o autor-sênior Adam Kepecs, professor de neurociência e psiquiatria. “Acreditamos que as alucinações ocorrem quando este circuito neural fica desequilibrado e os antipsicóticos o reequilibram. Nosso jogo de computador provavelmente envolve esse mesmo circuito, então eventos semelhantes a alucinações refletem esse desequilíbrio do circuito”.

O estudo foi publicado sexta-feira na revista Science.

Agência Xinhua

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