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Xi termina visita à França com diplomacia sem gravata

Tarbes, França – No último dia da visita de Estado do presidente chinês Xi Jinping à França, seu compromisso com o presidente francês Emmanuel Macron assumiu um tom mais pessoal.

Em Tarbes, no Departamento dos Altos-Pirenéus da França, um local querido por Macron desde sua infância, os dois chefes de Estado, sem gravatas, assistiram na terça-feira a uma apresentação de dança folclórica tradicional, compartilharam uma refeição e conversaram em uma atmosfera relaxante e cordial.

Essas interações amistosas entre Xi e Macron, organizadas após o dia anterior repleto de conversas e reuniões, permitiram que os dois líderes tivessem mais tempo para um entendimento mais profundo um do outro, bem como do país e do povo que representam.

INTERAÇÕES PESSOAIS

A hospitalidade francesa nos Pirenéus lembrava as conversas informais entre Xi e Macron em abril de 2023 em Guangzhou, capital da Província de Guangdong, no sul da China.

Os dois líderes, naquela ocasião, passearam por um jardim no sul da China, tomaram chá à beira da água e ouviram uma apresentação ao vivo da antiga peça musical chinesa “High Mountains and Flowing Water” (Montanhas altas e água corrente), que representa a preciosa amizade na cultura chinesa.

Na terça-feira, Macron recordou a sua visita à China no ano passado, especialmente o encontro no Jardim dos Pinheiros, em Guangzhou, que o deixou com uma impressão profunda e maravilhosa.

Ele disse que, por meio de intercâmbios aprofundados com Xi, aprendeu mais sobre a história, a cultura, a filosofia e o processo de desenvolvimento da China e obteve uma compreensão mais profunda da posição da China em questões importantes.

Os líderes chinês e francês tiveram uma interação semelhante em março de 2019 na cidade francesa de Nice, onde Macron recebeu Xi na Villa Kérylos, uma casa centenária com vista para o Mediterrâneo e tida como um microcosmo que reflete a civilização europeia.

Mais tarde naquele ano, em novembro, Xi e sua esposa, Peng Liyuan, se encontraram com Macron e sua esposa, Brigitte Macron, no Jardim Yuyuan, em Shanghai, na China. O local foi escolhido para que os Macrons “possam apreciar a beleza dos jardins chineses e da cultura tradicional chinesa”, disse Xi na ocasião.

LIVROS COMO PRESENTES

Na segunda-feira, os dois líderes trocaram presentes antes de conversar no Palácio do Eliseu, escritório e residência do presidente francês.

Ambos os líderes escolheram livros como presentes um para o outro. Macron deu a Xi raros volumes de Victor Hugo e uma cópia de “Linguae Sinarum Mandarinicae hieroglyphicae grammatica duplex”, um livro de gramática em língua chinesa publicado em 1742 pelo acadêmico francês e orientalista Étienne Fourmont. O presidente chinês presenteou Macron com traduções chinesas de romances franceses.

No banquete de boas-vindas oferecido por Macron na noite de segunda-feira, Xi ressaltou a importância dos intercâmbios interculturais para promover o respeito mútuo e o entendimento entre a China e a França.

“A relação China-França é especial porque nos apreciamos mutuamente. Representando civilizações orientais e ocidentais, a China e a França têm uma bela tradição de apreciação mútua e atração mútua”, disse Xi.

O ex-primeiro-ministro francês Laurent Fabius concordou com essa opinião, observando que a China e a França apreciam a rica cultura e história uma da outra.

“É claro que existem diferenças entre a China e a França, mas também há muitos pontos em comum. Somos grandes civilizações… (e) somos membros permanentes do Conselho de Segurança. Em muitos pontos, embora nossos sistemas sejam diferentes, nossos pontos de vista são semelhantes, se não idênticos”, disse Fabius.

O escritor francês Jean-Pierre Page rejeitou a visão da “superioridade da civilização ocidental como definição de progresso e desenvolvimento”.

“Não deve haver um modelo único imposto de fora”, disse Page, acrescentando que “o que precisamos é uma comunidade de destino, relações ganha-ganha baseadas no respeito mútuo”.

PARCEIROS PRÓXIMOS PARA A PAZ MUNDIAL

Entre os presentes trocados na segunda-feira, três tochas olímpicas chamaram especialmente a atenção, colocadas lado a lado em uma mesa de mármore branco na iluminada Sala de Retratos do Palácio do Eliseu.

Xi ofereceu a Macron as tochas olímpicas dos Jogos Olímpicos de Beijing 2008 e dos Jogos Olímpicos de Inverno de Beijing 2022. Em troca, Macron presenteou Xi com uma tocha olímpica dos próximos Jogos Olímpicos de Paris. Paris sediará os 33º Jogos Olímpicos de Verão de julho a agosto.

Ao chegar para a visita de Estado à França no domingo, Xi disse que espera que a China e a França iluminem seu caminho com a tocha da história.

A França é uma potência esportiva e a China enviará uma delegação de alto nível à França para participar dos Jogos, disse Xi com um sorriso, desejando aos Jogos Olímpicos de Paris todo o sucesso.

Durante suas reuniões nos últimos dois dias, ambos os líderes expressaram enfaticamente sua oposição à confrontação entre blocos e reiteraram seu compromisso com o multilateralismo, com Xi pedindo à China e à França que defendam a independência e evitem conjuntamente uma “nova Guerra Fria”.

A França foi o primeiro grande país ocidental a estabelecer relações diplomáticas com a China e fez muito para ajudar a China a se desenvolver, disse Eric Alauzet, presidente do Grupo de Amizade França-China da Assembleia Nacional Francesa, observando que a França há muito tempo defende a autonomia estratégica para a Europa.

“Isso significa não retroceder após o confronto Leste-Oeste… portanto, essa multipolaridade, esse mundo multipolar e multilateral é o que a China e a França querem em comum”, disse Alauzet.

Ao se reunir com a imprensa junto com Macron na segunda-feira, Xi disse que a China está disposta a lançar uma iniciativa com a França pedindo uma trégua mundial durante os Jogos Olímpicos de Paris.

“O fato de que a França e a China, que são membros permanentes do Conselho de Segurança, podem trabalhar juntas é muito importante, dada a realidade de que o mundo está enfrentando dois conflitos na Ucrânia e em Gaza”, disse Pascal Boniface, diretor fundador do Instituto Francês para Assuntos Internacionais e Estratégicos.

A China e a França também colaboram há muito tempo no combate às mudanças climáticas e à degradação ambiental, disse Boniface, acrescentando que está feliz em testemunhar os esforços de ambos os lados para promover um mundo mais pacífico e fortalecer o multilateralismo, que atualmente enfrenta desafios significativos. 

Agência Xinhua

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