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Colaboração da China com a França em energia nuclear continua promissora após quatro décadas

Paris – Quatro décadas de colaboração em energia nuclear continuam sendo uma característica notável da relação França-China e continuam tendo potencial enquanto os dois países marcam o 60º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas.

A cooperação em energia nuclear entre a China e a França remonta ao estabelecimento da Central Nuclear de Daya Bay. A central elétrica na cidade de Shenzhen, no sul da China, começou no início da década de 1980, quando a China estava se abrindo.

A França, que foi um dos primeiros grandes países ocidentais a reconhecer a República Popular da China e cuja indústria nuclear passava por uma época de ouro desde a década de 1970, foi abordada.

“A China confiou à França a responsabilidade pela construção da central, com uma garantia, e a EDF se comprometeu a garantir a construção da central, o que, em 1984, dado o contexto internacional da época, foi uma grande aposta”, afirmou Hervé Machenaud, ex-diretor técnico da EDF, empresa pública de energia elétrica da França, de 1984 a 1989 para a construção da primeira usina nuclear da China.

“A EDF confiou na China, e a China confiou na EDF, um contrato de confiança que manteve as partes unidas por 40 anos”, disse ele.

Funcionários da China e da França trabalham em sala de controle principal da Unidade 1 de Taishan da Usina Nuclear de Taishan em Taishan, província de Guangdong, sul da China, no dia 20 de dezembro de 2018. (Xinhua/Deng Hua)

A Usina Nuclear de Daya Bay começou a operar comercialmente em 1995. A EDF e seu parceiro chinês, o China General Nuclear Power Group, iniciaram outro projeto nas proximidades: a Usina Nuclear de Ling Ao, que começou a operar comercialmente em 2002. Em 2008, os dois parceiros criaram uma joint venture para construir e operar dois reatores nucleares baseados na tecnologia do Reator Pressurizado Europeu (RPE) em Taishan, também na província de Guangdong.

“Éramos os professores e agora o aluno superou o mestre”, disse Philippe Taurin, que trabalhou em Daya Bay como conselheiro de segurança de 1993 a 1995 e depois em Taishan como vice-diretor-geral de 2014 a 2018. “Na área nuclear, você não pode ficar no mesmo nível, precisa continuar progredindo, e progresso significa aprender com a experiência dos outros”.

Após a época de ouro nas décadas de 1970 e 1980, a indústria nuclear francesa foi vítima do seu sucesso histórico. Mais de 50 reatores foram construídos nesse período, garantindo à França um amplo fornecimento de eletricidade a preços acessíveis.

No entanto, a indústria registou um declínio significativo desde então, marcado pela falta de novas construções de reatores e pela redução gradual do número de profissionais qualificados ao longo da última década.

Na década de 2020, a energia nuclear voltou a ser parte necessária do escopo energético francês e uma ferramenta para atingir as metas de redução de carbono. Essa mudança foi anunciada pelo presidente francês Emmanuel Macron em 2021 no âmbito do plano de investimento “França 2030”, com a construção de 14 reatores RPE.

Essa dinâmica se manifesta em toda a Europa, demonstrada pelo sucesso da mais recente Exposição Nuclear Mundial em Paris, em novembro de 2023.

Zhang Fuyuan, projetista-chefe do gerador de vapor Hualong One ZH-65, discute plano de acompanhamento do projeto Hualong One com membros da equipe em Chengdu, província de Sichuan, sudoeste da China, no dia 4 de fevereiro de 2021. Hualong One, um reator nuclear de terceira geração projetado internamente, entrou em operação comercial no dia 30 de janeiro de 2021. (Xinhua/Liu Kun)

Enquanto isso, a China cresceu e virou um jogador significativo na indústria. “Depois de lançar 10 novas centrais em 2022, mais 10 foram lançadas em 2023”, disse Fabrice Fourcade, atual delegado geral da EDF na China, mencionando que agora a frota nuclear da China é uma das maiores do mundo.

“A nível mundial, cada vez mais pessoas percebem que a energia nuclear é uma ferramenta útil e, em alguns lugares, indispensável para descarbonizar nossas economias e combater as mudanças climáticas. Nesse contexto, a parceria nuclear entre a França e a China deve continuar e ser consolidada”, disse Fourcade.

Felix Torres, historiador especializado na história das empresas francesas e autor de “The Shared Path” (“O Caminho Compartilhado”, em tradução livre), um livro sobre a história da EDF na China de 1983 a 2011, também apelou a “uma renovação da cooperação França-China em grande escala”.

“Atualmente, os dois países com as maiores ambições de construção são a França e a China”, disse Fourcade. “Há um verdadeiro interesse em capitalizar nossos 40 anos de parceria tecnológica, a proximidade industrial entre nossa frota nuclear, para garantir o melhor sucesso possível para novos programas de construção na França e mais amplamente na Europa”.

Agência Xinhua

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