Adis Abeba – Especialistas que participam de um workshop de alto nível sobre a tecnologia Juncao na capital etíope pediram esforços conjuntos sobre a aplicação da tecnologia Juncao para promover a agricultura sustentável na África.
O workshop de alto nível de dois dias, que foi co-organizado pela Missão Chinesa na União Africana (UA), pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU (UN DESA, em inglês) e pelo Centro Nacional de Pesquisa de Engenharia da Tecnologia Juncao da Universidade de Agricultura e Silvicultura de Fujian (FAFU, em inglês), foi aberto na segunda-feira em Adis Abeba, capital da Etiópia.
O workshop reuniu representantes da ONU, diplomatas chineses na Etiópia, especialistas em agricultura e autoridades de diferentes países africanos e da China, entre outros.
Josefa Sacko, a comissária da UA para agricultura, desenvolvimento rural, economia azul e meio ambiente sustentável, em uma mensagem apresentada em seu nome, expressou o forte apoio da UA e a prontidão para fazer parceria com a China na aplicação da tecnologia Juncao em toda a África.
Observando os esforços contínuos da UA para promover opções de médio prazo que melhorem a promoção de opções de baixo custo para a segurança alimentar, a comissária ressaltou a aplicação da tecnologia Juncao como uma iniciativa viável.
“A tecnologia Juncao é uma tecnologia de baixo custo que nos ajudará a garantir a segurança alimentar e reduzir a pobreza entre os carentes da zona rural da África. A aplicação comprovada da tecnologia na produção de cogumelos e ração animal, se levada à escala, contribuirá para combater a desnutrição no continente, que é galopante entre as famílias com poucos recursos”, disse ela.
A comissário da UA disse que a contribuição da tecnologia para a proteção ecológica complementa os esforços da UA para criar resiliência contra as mudanças climáticas.
O workshop, que foi realizado sob o tema “Aplicação da tecnologia Juncao e sua contribuição para a realização da Agricultura Sustentável e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) na África”, também contou com painéis de discussão sobre a mobilização da tecnologia Juncao para acelerar a implementação dos ODS, bem como o fortalecimento das capacidades de acesso e uso de recursos locais para a tecnologia Juncao.
Hu Changchun, chefe da Missão Chinesa na UA, disse que o workshop sobre a tecnologia Juncao visa acelerar a implementação da Iniciativa de Desenvolvimento Global e se conectar profundamente com a Agenda 2030 da ONU para o Desenvolvimento Sustentável e a Agenda 2063 da UA.
A tecnologia Juncao tem sido aplicada em muitos países africanos, como África do Sul, Madagascar, Tanzânia e Nigéria. Atualmente, bases de demonstração da tecnologia Juncao foram estabelecidas em Ruanda, Lesoto e República Centro-Africana, de acordo com a Missão Chinesa na UA.
Observando que a tecnologia Juncao foi oficialmente incluída na estrutura de promoção de tecnologia agrícola da UA em novembro deste ano, Hu expressou a disposição e o compromisso da China em trabalhar com parceiros para promover a tecnologia em todo o continente africano.
Ele disse que, para implementar e promover efetivamente a aplicação da tecnologia Juncao na África, a China está pronta para fortalecer a cooperação em três áreas principais, incluindo o apoio à implementação de projetos de subsistência “pequenos, porém inteligentes” de Juncao na África, inovando o modo de cooperação da tecnologia Juncao e fortalecendo a cooperação na capacitação.
“A China está disposta a trabalhar com a UN DESA, entre outras agências, para apoiar a UA e os países africanos na capacitação na tecnologia Juncao. Estamos dispostos a convidar funcionários e especialistas africanos para treinamento na China, enviar especialistas chineses à África para fornecer orientação de campo e promover a cooperação direta entre instituições agrícolas dos dois lados”, disse ele.
O workshop também contou com sessões especiais sobre iniciativas de jovens e mulheres e mapeamento de partes interessadas em agricultura, ciência, tecnologia e inovação, destacando a promoção do envolvimento de jovens e mulheres na aplicação da tecnologia Juncao na África e em outros países.
Ramiz Alakbarov, coordenador humanitária residente das Nações Unidas na Etiópia, enfatizou a necessidade de se fazer esforços conjuntos entre os atores envolvidos para a expansão da tecnologia Juncao na África.
Ele disse que a tecnologia oferece um potencial muito necessário para que os agricultores africanos melhorem sua segurança alimentar e, ao mesmo tempo, criem oportunidades de renda para melhorar seus meios de subsistência.
Alakbarov ressaltou ainda o papel crucial do workshop, já que ele está ligado a questões importantes para os países em desenvolvimento, incluindo a erradicação da pobreza, a redução da fome, o uso de energia renovável, a promoção de empregos, a proteção do meio ambiente e a resposta às mudanças climáticas.
Desenvolvida pela FAFU da China, a tecnologia Juncao permitiu que pequenos agricultores cultivassem cogumelos a partir de gramíneas secas e cortadas, sem derrubar árvores e sem prejudicar o meio ambiente. A tecnologia ecológica ajuda os pequenos agricultores e as comunidades a desenvolverem um setor de cultivo de cogumelos de baixo custo e em escala comercial que pode oferecer opções sustentáveis de subsistência para agricultores familiares e empresários rurais ao longo das cadeias de valor agroalimentar.
Durante a reunião, os especialistas destacaram que, além de substituir a madeira para o cultivo de cogumelos, as gramíneas Juncao estão sendo cada vez mais usadas como ração para gado e na proteção ambiental, energia e produção de fertilizantes. A tecnologia Juncao também levou ao surgimento de um novo setor que usa as gramíneas Juncao para produzir papel e painéis de fibra.
